domingo, 31 de agosto de 2014

Profissional em Sobreviver e amador em VIVER - Rey Biannchi
Há 23 anos.
Sabia vender drogas, mas nunca soube entrar numa fila de banco. Sabia arrumar grana ilícita pra sobreviver, mas nunca grana honesta pra viver. Sempre soube sobreviver e me superar em situações horríveis mas nas situações de vida normal, em trabalhos formais, relacionamentos, era inábil e imaturo. Habilidades em roubos, vendas, armas, e tudo ilícito, e inventava desculpas pra nivelar minha inabilidade as dificuldades da vida, para continuar a ser medíocre e desonrado, e sofrendo com isso, muito!
Passei a vida toda fugindo de amar, por medo do abandono. Fugindo de sentir por sentir demais desde pequeno. E aí fui para as drogas. Aí muita luta, sofrimento, diversão, arte, miséria, derrota e desespero. Ao parar de usar, revivi e fui viver limpo. Mais de 60 livros lidos por ano em 15 anos, cursos, shows, faculdade, palestras, conquistas, filhas. Muito crescimento e vitórias e também muitas derrotas e fracassos importantes e um grande aprendizado. Mas continuei "sobrevivendo". De alguma forma, continuei a suspender o sentimento e anestesiar ou atropelar. Medo de amar, medo, medo. E agora, estou VIVENDO, finalmente. Mas dói. O que dói são as crenças de sobrevivência que estruturei durante a vida toda. E por isso, por essas crenças limitadoras estarem caindo aos poucos, eu tenho sentido tanta dor. Porque as crenças serviam de "teflon emocional" como uma tela que não deixava eu sentir ou suspendia o sentimento. O legal é que eu mesmo sabotando, sabotava a sabotagem, era como o Muttle, o cachorro do Dick Vigarista na corrida maluca. Ele era amigo do vilão mas ria da cara do vilão quando este se fodia. Eu era "machão" militar, macho alpha, amar era fraqueza, mas por fora, eu fazia músicas, me apaixonava, amava e usava a arte como catarse de todo o amor que sempre tive no coração. De alguma forma, tive uma auto estima inconsciente, que me fazia amar e me jogar no amor, mesmo com medo e com crenças machistas idiotas. Eu sabotava minha vida, mas sabotava a sabotagem também, como muttle, então chamarei de OPERAÇÃO MUTTLE.

E agora, como estou mais vulnerável, maIs sensível e aberto, estou sentindo, não o amor só, mas o medo que eu mesmo criei em relação a afeto, a perda, a ser abandonado. E tenho visto que tenho coragem suficiente para amar plenamente. Mesmo sabendo que tudo acaba. É libertador! E descobri que eu sou e fui o tal "super homem" que Nietzsche falava em seus livros. Não o super homem dos quadrinhos, inexpugnável. Mas o corajoso, o frágil, o que se expõe apesar do medo, o que ama apesar das perdas e frustrações. Relendo Nietzsche, gostei de ter me identificado com esse super homem que é a total vulnerabilidade, que sente a vida totalmente apesar dos medos. E também, dos ensinamentos do filme " PODER ALÉM DA VIDA" com Nick Nolte, onde ele é um mestre e ensina exatamente isso! GRATIDÃO! Rey Biannchi

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