Eu fazia um show no Teatro Ipanema, e havia convidado vários humoristas, alguns amigos comediantes foram, e eu nunca havia convidado o Mestre. Era medo da rejeição, eu, um humorista desconhecido, mesmo tendo tido a honra de estar ao lado dele no palco 4 vezes, eu não o convidava. Talvez medo do gênio, do olhar certeiro, da simples presença dele fazer tremer minha estrutura. Convidar talentos, sempre fiz, mas um gênio era diferente. Pesava. É como convidar o Pelé pra ver um novo jogador jogar. Então, resolvi convidá-lo. Enviei email pro mestre e ele respondeu: Irei eu, Malga Di Paula e mais um casal. Gelei. Comecei a tremer por dentro. E olha que eu aprendi a ser cara de pau e ousado. Mas pensei. Bem, ele foi gentil, mas ele está adoecido e deve ficar em casa. E fiquei contente com sua gentileza. Passei o som do show, voltei pra casa. Na hora do show, não imaginava mesmo. Eis que minha produtora Gabriela Tabacow, me disse quase chorando: O CHICO TÁ AÍ!!! Aí, me desculpe o palavrão, phudeu!!!!
Tremi na base! Tocar na frente dele no show dele é uma coisa, no meu show e ele na platéia é outra. Pelo menos pra mim. Entrei, chorei de emoção antes, e fui. Eu estava muito nervoso. No meio do show, comecei a imitar a voz dele, falando pra mim: Ô Rey, para de viadagem e faz esse show porra!
Isso foi psicologicamente aliviador. No final do show, o mestre, no meio das minhas imitações de cachorro, grita: Faz o cachorro do Andrea Bocceli! E fiz! E me lembro que uma vez, no show dele, eu fiz os cachorros, todos riam, e quando eu fiz o do Bocceli para agradá-lo, o povo riu pouco. O mestre colocou a carinha na cortina do teatro e falou: É que eles não entendem, mas é genial! E ai, com a aprovação do mestre, eu tava pouco me lixando se riam ou não, porque eu estava rindo por dentro e por fora. No final do meu show, o mestre ainda gravou esse generoso depoimento pra mim, que levarei pra eternidade!
http://www.youtube.com/watch?v=D6AQhJQEPHU
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