terça-feira, 19 de agosto de 2014

SACRO OFÍCIO DA LOUCURA LÚCIDA NO AVESSO DA VIDA -


SACRO OFÍCIO DA LOUCURA LÚCIDA DO AVESSO DA VIDA - 
Enfiei a mão na jaula do tigre, e a jaula me prendeu. Um tigre, dois tigres, três tigres, repeti. E o leão do imposto de renda me mordeu. O macaco tá certo. Somos todos Darwin. O Brasil perdido na certeza. O povo rico de pobreza. E o inferno gelado na frieza humana. Eu sou normal, mas nós não somos! Todo mundo e qualquer um quer ser o número um do mundo. E somos. Através dos pecados alheios, nosso pecado surge. Ao condenarmos o outro, nosso crime brota. Que lixo é o luxo usado para ocultar a escória. A menor criança africana é morta pela nossa omissão aqui. E nos achamos bons. A vida me dá diamantes, eu te dou vidro e me julgo generoso. Que câncer maior do que anestesia criada pelas redes sociais? Onde vemos a fome, a miséria pelas fotos nos comovemos superficialmente mas nada fazemos. E ver a miséria todos os dias a torna normal e comum. Até que um dia ela baterá na porta de cada um de nós. Eu sei o endereço do céu, mas a estrada passa pelo inferno. Putas são leais e santas infiéis. Deus tá com Alzheimer? Não. O deus do velho testamento é vingativo, quer ser adorado e incensado. Esse "deus" poderia fazer psicanálise. Um prato feito. Todos os crimes são cometidos com nosso sinistro consentimento e inconsciência. Achamo-nos virtuosos, mas ao primeiro desastre, praguejamos e mostramos nossa real face. Muito insano obrigado a mim mesmo, que não estava presente aos meus pecados e quis se eximir das responsabilidades. A vida é uma festa de luzes, de cores, de amores. Mas só que não. Ou não. Vi tanta coisa linda que era ilusão e tantos milagres surgiram do nada. Mesmo não crendo, rezo. Rezo não mesmo, crendo. Custo o que custar. Finjo que pago. Não devo nada. Todos indo em direção a luz no fim do túnel que é um trem divino. Trem que nos atropela, amolda, modela e tritura. Até nos tornarmos maleáveis. 
Aí sim, não. Aí não mesmo. Mas sigamos. Pai, perdoai-nos, pois não sabemos o que fazemos. Mas sabes que é mentira. Somos cheios de certezas e convicções. Até a morte chegar. Eros vem como Tanatos e nos leva. E tudo virá pó. Menos nós. Menos cordas. O fio de prata se rompe. Lá vamos nós pra o desconhecido íntimo, de onde viemos antes de nascermos. Desculpe a confusão, mas a enfermeira faltou. Hoje, paciente, eu me dei alta. E voltei pro zoológico, lógico, algemado nas minhas falsas crenças. Um grande beijo do meu rosto sem boca, na sua cara sem rosto. SACRO OFÍCIO. Rey Biannchi

Nenhum comentário: